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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

UM JESUS MORRE NO METRÔ DE SÃO PAULO

Na virada do século XIX para o século XX, o carioca Euclides da Cunha esteve em Canudos, Bahia, cobrindo a matança de soldados do exército. Carnificina pura. Todos os milhares de nordestinos levados a Canudos pelo beato cearense Conselheiro tombaram sem vida. Juntando tudo, foram mais de 25.000 mortos entre inocentes e integrantes das forças militares. Vivos, sobraram um homem, um velho e uma criança. Mais ou menos assim termina Euclides no livro Os Sertões, obra prima da literatura nacional, lançada em 1902, dez anos antes de outra obra prima, poética, do paraibano Augusto dos Anjos: Eu.
No grande livro de Euclides há narração da miséria em que viviam os sertanejos. Miséria que ganha força a cada ano que passa no Sertão do meu País.
No mínimo, faz cinco anos que a seca que mata gente continua matando almas no sertão da minha terra.
Entra governo, sai governo, e a miséria cada vez mais ganha forma no sertão da minha terra.
Ouço no rádio a demagogia explícita do paulista de Tietê, SP, Temer, dizer teatralmente emocionado que tudo que deseja na vida é ser, num futuro próximo, reconhecido como o presidente que mais fez pelo Nordeste. É muita pretensão...
Essa pretensão do temer foi explicitada esta semana em Maceió, AL. Ele foi para lá para fazer demagogia, liberando setecentos e tantos milhões de reais para minimizar as dores provocadas pela violência da estiagem.
O Brasil é constituído, hoje, por 571 municípios. Desses, mais de 2.000 fazem parte do mapa da seca que, ao longo do tempo, continua matando sem parar o povo que lá sobrevive.
O povo de Campina Grande, PB, está bebendo o próprio suor para não morrer de sede, Campina Grande é a mais importante cidade do semi árido brasileiro.
Em 1959, o presidente Juscelino Kubistchek foi levado por Dom Helder Câmara a conhecer a cara da seca em Campina Grande. O presidente prometeu mundos e fundos, que açudes, barragens, seriam construídos para que o povo paraibano não fosse penalizado pela falta de chuvas.
O que dizer hein?
Em 1877, o Nordeste viveu o que se convencionou chamar da seca dos três setes, por durar três intermináveis anos seguidos, matando milhares e milhares de nordestinos. Dom Pedro foi ao Ceará prometendo mundos e fundos, como Juscelino, para acabar com a miséria.
Em 1928, o paraibano José Américo de Almeida, publicou o livro A Bagaceira. Nele, aparecem as agruras da seca. Dez anos depois, o alagoano Graciliano Ramos lança Vidas Secas. Obra prima que narra a desdita de quatro seres humanos, uma ave e uma cachorra de nome Baleia. Os humanos aparecem na pena de Graciliano como sinhá Vitória e Fabiano, sem sobrenomes, pais de dois meninos, sem nomes.
A literatura que trata das coisas da seca do Nordeste brasileiro é bastante extensa.
O livro O Quinze, de Raquel de Queiroz, cearense de sensibilidade fora do comum é uma obra prima. Ela, a autora, tinha dezessete anos quando se iniciou na literatura...
Os dramas e tragédias provocados pela seca são dramas e tragédias tocantes, terríveis e que dispensam demagogias como a do presidente Temer em Alagoas, terra do canalha Renan Calheiros...
Ou o Brasil toma jeito, meus queridos todos, ou nos afunhanhemos todos.
Vocês se lembram da campanha do governo Vargas, aquela que dizia "Ou o Brasil acaba com a Saúva ou a Saúva acaba com o Brasil"?
Alguns amigos leitores deste espaço perguntam-me se sou a favor da continuidade do Temer como presidente da República, eu sou a favor da legalidade e tomara Deus que saibamos eleger representantes que de fato nos representem em todas as esferas políticas. O quadro político, a cena política precisa de mudanças radicais. Sou a favor da liberdade, da educação, da cultura; de um governo que preserve o povo com barriga cheia e mente livre. Novas eleições?
Sigamos, leiamos a constituição de 1988.
Viva o Brasil!

NATAL DE VIOLÊNCIA NO METRÔ

Estou encerrando este texto ao mesmo tempo em que tenho a alegria de receber o autor do belíssimo poema Encontro no Metrô, Peter Alouche. Outro dia, aqui mesmo, andei falando sobre Peter destacando seu poema, interpretado pela dupla de cantadores violeiros Sebastião Marinho e Andorinha. O poema trata do encontro inimaginável, até então, de um operário com o filho de outro operário. Volto a falar sobre esse poema, por uma razão simples: tudo acontece numa noite de Natal, e foi na última noite de Natal que a história se repetiu de modo trágico, numa estação do metrô de São Paulo. Ao invés de um operário falando com outro, dois assassinos matando um operário. Culpa? Alguém tem culpa nisso? Todos nós temos. A nossa sociedade degringolou. Estamos perdidos, sem saída. A insensibilidade a cada dia toma conta de nós. Pessoas batem e matam diante de nós e nada fizemos para que isso seja evitado. Caso dos dois assassinos que mataram impiedosamente o operário. Os dois foram presos e seus advogados estão tentando provar que o culpado do crime é a vítima. Ainda Peter.









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