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domingo, 4 de dezembro de 2011

O DR. SÓCRATES FOI JOGAR NO CÉU


O Dr. Sócrates cansou desta vidinha besta, pegou o chapéu e partiu. Antes, deu ao povo alegria e provocou polêmica de todo tipo.
Ora, ora, onde já se viu um jogador de futebol ter cabeça pra pensar, e acima de tudo de modo próprio e sem ninguém mandar, hein?
Pois isso ele fez, e fez com a categoria que lhe foi peculiar no correr de meio século.
Ele foi o artífice da idéia que gerou a Democracia corintiana, lembra?
Também brigou pelas eleições Diretas, subindo em palanques e dizendo o que pensava.
Ciente dos diretos e deveres do cidadão, Sócrates era um ser e tanto!
Algumas vezes nos encontramos para prosas em torno de música, futebol e literatura.
Isso mesmo, literatura.
Ele gostava dedilhar violão, cantar, ler e escrever.
Chegou a gravar um LP (capa, acima) interpretando músicas que lhe marcaram a vida.
Ele levava a vida numa boa, sem traumas ou dramas.
Era resolvido.
Uma vez me surpreendeu declamando poesias suas e do português Fernando Pessoa.
Guardo comigo algumas dessas declamações que gravei em fita-cassete, e também alguns textos poéticos de sua lavra, escritos à própria mão.
Cheguei a publicar algo a respeito em jornais e revistas.
No D. O. Leitura, por exemplo, extinto suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de São Paulo, dei até capa desenhada pela pena brilhante de Ionaldo Cavalcanti, com quem ele deverá se encontrar daqui a pouco prum porre, no céu.
Eu estou triste com sua partida, logo hoje quando o Corinthians se sagrará pentacampeão do Brasileirão.
Vários artistas cantaram Sócrates.
A letra abaixo, Sócrates Brasileiro, de Zé Wisnik, coube a Ná Ozzette gravar em 1988.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Deu um pique filosófico ao nosso futebol
O sol caiu sobre a grama e se partiu
Em cacos de cristais
As cores vestiram os nomes
E fez-se a luta entre os homens
Até os apitos finais
(Disseram os deuses imortais)
A história não esquece que a bola
Se negou, mas chorou nosso gol
E vai se lembrar para sempre
Da beleza que nada derrotou
Mas quem será que diz que venceu
No país em que o ouro se ganhou e perdeu
(Derreteu)
O futebol é a quadratura do circo
É o biscoito fino que fabrico
É o pão e o rito o gozo o grito o gol
Salve aquele que desempenhou
E entre a anemia a esperança
A loteria e o leite das crianças se jogou
Com destino e elegância dançarino pensador
Sócio da filosofia da cerveja e do suor
Ao tocar de calcanhar o nosso fraco a nossa dor
Viu um lance no vazio herói civilizador
(O Doutor).

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