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quinta-feira, 2 de junho de 2011

FELIPE FORTUNA E A FORTUNA CRÍTICA POÉTICA

Uma vez Tom Zé me contou como fez a canção São-Paulo, Meu Amor que ele mesmo defendeu no IV Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record, e depois gravou em disco como vários outros intérpretes, como Joel de Almeida o fez em 1969.
Foi assim:
Ele acabara de trocar sua cidade Irará, na Bahia, pela megalópole São Paulo de oito milhões de habitantes à época, 1968.
Passando pela região central da cidade, ele se deparou com uma notícia de primeira página do extinto jornal Notícias Populares, dando conta de que as prostitutas estavam em passeata e greve. Espantado, mas bem humorado, ele cantou:

... Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram
Todo centro da cidade
Armadas de ruge e batom
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor
A família protegida
Um palavrão reprimido
Um pregador que condena
Uma bomba por quinzena
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito...

Lembro isso por causa do dia de hoje, 2 de junho, que boa parte do mundo conhece como dia de protesto das prostitutas.
Meus respeitos.
E com meus botões comento o quanto de gente há ainda nestes tempos que simplesmente agridem as moçoilas que fazem do corpo a porta de entrada para prazer e meio de vida.
E daí?
Tom voltou ao tema pouco depois.
Lembro que assisti uma apresentação dele no teatro Caetano de Campos nos fins dos anos de 1970, ali na Praça da República, cá em Sampa.
O tema tinha como personagem central uma certa Maria Bago Mole, que já nascera vocacionada pra coisa, isto é: pra fazer bem à molecada de Irará. A letra:

Guilherme se requebra
Rufino bota pó
Euclides Morde o braço
Das Dores fala só
João Régis diz que é vi, é don e é ado
Germino curado por Dalva foi surrado
Lucinda sobe e desce
Tiririca bole-bole
Mas todos passam bem com Maria Bago Mole...

Os nomes citados - esclarecia Tom Zé durante o show - eram de doidos populares da sua cidade, como Guilherme, Rufino etc.
Fica o registro.
Detalhe: Tom jamais recebeu o prêmio em dinheiro prometido no regulamento do festival.

DIPLOMATA FORTUNA
Agora vou seguir até a Avenida Paulista, precisamente à Casa das Rosas, para um reencontro com o querido amigo diplomata Felipe Fortuna, filho do grande e inesquecível cartunista Fortuna, outro amigo impossível de esquecer e com quem tive o orgulho de trabalhar nos primórdios do extinto Folhetim, suplemento dominical do jornal Folha de S.Paulo; e de quem tive o privilégio de merecer uma capa de livro (O Coronel e a Borboleta e Outras Histórias Nordestinas) e ilustrações diversas. Felipe veio de Brasília, onde mora, para fazer uma palestra sob o título "Poesia Brasileira e Crítica Poética, Hoje", Felipe é autor dos livros A Escola da Sedução (1991), A Próxima Leitura (2002) e Em Seu Lugar (2005). A sua nova obra é Esta Poesia e Mais Outra, de crítica literária, elaborada a partir de textos extraídos da coluna semanal que mantinha no Jornal do Brasil até 2009. Esse livro aborda temas como “identificação de um sistema endogâmico na produção e divulgação da poesia” e a “reflexão sobre a resenha – essa forma de crítica sujeita a muitos ataques e quase sempre avaliada como superficial”. Como diplomata, Felipe Fortuna já representou o Brasil em Londres, Caracas e Moscou.

RAPAZIADA DO BRÁS
O amigo Alberto Marino Jr., autor da belíssima letra da valsa Rapaziada do Brás, do começo dos anos de 1920, andou um pouco adoentado mas desde hoje se acha de volta ao aconchego do seu lar, junto com seus entes mais queridos. O nosso desejo é que se recupere totalmente o mais rápido possível para um brinde de bom vinho. Viva a vida. Tim, tim!

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